Em meio à turbulência do mundo pós-guerra, Sartre, que já não acreditava no conceito de inferno cristalizado no pensamento ocidental e secularmente difundido pelo cristianismo, foi um íncone do existencialismo literário e filosófico no século XX. Fazendo um contraponto ideológico, o francês simplifica toda uma questão filosófica da existência humana sob premissa de que “O Inferno São Os Outros”. Sustentada no existencialismo sartreano, a peça “Nós, nus e os outros” desnuda as condições humanas através das ações antecedentes de cada personagem. Eles se encontram no “inferno”, lugar onde há o desnudamento racional, onde a existência precede a essência.
“Nós, nus e os outros” mostra que o ser humano se torna responsável por aquilo que é e pelos valores que ele mesmo cria, numa linha de consciência em que o conceito de liberdade é diferente do simples livre arbítrio, ou seja, é agir com liberdade, incorporada à responsabilidade. Na trama os personagens oscilam entre o lacrimejar diante da própria derrocada e a frustração latente diante do que não veio a ser bem concebido no desenrolar de suas vidas. Dante, Estelle e Íris são, respectivamente, farsa, sobrevivência e verdade desmoronadas ante um espelho gasto que são os outros.